NA MURETA DO TEMPO

às vezes te vejo a me olhar

a carinhosamente me olhar

da mureta do tempo

teus olhos pregados em mim

como noutros tempos

aqueles em que tanto conversávamos

e ríamos

e falávamos do existir

do chegar

do partir

uma teria que ir antes

e dizias

que seja eu

nunca quero ver um filho meu partir

antes de mim

mãe, a vida é eterna

e não estás presencialmente aqui

não estás fisicamente aqui

mas teu espírito milenar

vive

e temos encontros

dentro de sonhos

quantas vezes estou escrevendo e fecho

os olhos e revejo momentos

momentos

em que eu estava escrevendo

e de mansinho te instalavas ao meu lado

e perguntavas

estou atrapalhando?

eu dizia

claro que não

mãe, que vontade de beijar tua mão!

...

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 12/09/2022
Código do texto: T7604143
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