MEU CANTINHO

MEU CANTINHO

Carlos Roberto Martins de Souza

No meu cantinho humilde lá na roça

Tem palmeiras, juriti tem laranjeiras

E a cacimba bem do lado da palhoça

Passarinhos cantando nas bananeiras

Tem o café feito num coador de pano

Broa de fubá assada no forno a lenha

Na beira do fogão tem o gato bichano

No telhado tem muita teia da aranha

Tem também o arroz com feijão preto

Um franguinho com quiabo na panela

Tem almoço feito em ritmo de soneto

A patroa alegre esperando na janela

O milho assando na brasa do fogão

Tem batata doce e o café com leite

Mingau de milho a manteiga e pão

A boa carne de lata era um deleite

Tem o roncar do porco no chiqueiro

Tem o cachorro sarnento no tapete

A galinha e galo ciscando no terreiro

A vovozinha escorando num porrete

A lua aqui na roça é muito mais bonita

O céu tem mais estrelas e mais brilho

A mata vestida como nobre senhorita

Abre caminho para o pobre andarilho

A porteira, o mata burro e a cancela

O curral, a tronqueira, o paiol, o pasto

Tem arreio, o cabresto, o freio e a sela

O carro de boi que só anda no arrasto

Tem a pinga e garapa, tem alambique

Tem fubá, tem moinho, tem engenho

Tem a velha casinha de pau a pique

Foi feita com muito suor e empenho

O velho colchão de palha já não existe

O banho de bacia também se acabou

O saudoso ferro de brasa foi triste

Fazer parte do que a história levou

Agora resta a doce e sublime saudade

Lembrança daquele tempo gostoso

Onde a vida era vivida com qualidade

E o relógio tornava tudo proveitoso

O velho prato e a caneca de esmalte

A panela de ferro e o ferro de brasa

Ainda hoje na cidade há quem exalte

A simplicidade da minha antiga casa

Tocar em frente a vida virou desafio

Lutar pela vida carregar lembranças

Exige da gente ter muito sangue frio

Pois na jornada resume em andanças

Carlos RMS
Enviado por Carlos RMS em 21/08/2022
Reeditado em 21/08/2022
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