CORDEL DO AVIÃO
CORDEL DO AVIÃO
Seu moço devo contar
Pedaço do cenário
Do meu querido lugar,
Onde dor não visita,
Não gosta de morar lá.
O estio frequente
Só chega pra ensinar,
Mostrando na escacez
Importância de juntar,
Guardado sempre terá.
Na pegada da chuva,
De alegria chorar,
Verde mudando tudo,
Trazendo paraíso
Até onde enxergar.
Reconhecer fartura
Sempre que ela voltar,
São José padroeiro
Mandando comemorar,
Tristeza ele calou.
O amargo se mudou,
Há novena pra rezar,
Se um tempo foi triste
Moço, pode apagar,
O céu chega na terra.
Até nos pés de serra
Seu doutor vou lhe contar,
Ouvir água correndo,
Fole mandando dançar
Acochado, sem cansar.
Nas feiras há de tudo
Se com pouco dinheiro
Balaio não vai pesar;
Há roupas, alpercatas,
Butinas pra trabalhar.
Chapéu, foice, quartinhas,
Troços pra rezadeiras,
Raízes pra se curar,
Caldo, cachaça, cana,
Como se é feliz lá.
Há cordel pra animar,
Pendurados ao vento
Carimbando meu chão,
Vai ligeiro avião
Saudade quer me matar.