Volto às minhas velhas memórias
Onde encontro tudo o que lá deixei
A vizinhança tagarelando na calçada
Cadeiras em roda, uma animação.
Sentada calada na soleira da porta
Bem de olho na lorota da comadre
Ela dizia que na madrugada avistava
O lobisomem nos dias de lua cheia.
Outro também contava destemido
A visagem que passou ao meio-dia
Na sala um vulto vestido de branco
Alma penada, uma assombração.
Uma senhora que nadinha enxergava
Narrava que tinha escutado uma voz
Amedrontada esbuguelhava os olhos
Um espírito vagando pedia uma luz.
Na boca da noite era assim todo o dia
Histórias de trancoso eram contadas
Cada uma mais cabeluda que a outra
De tanto medo aterrorizada eu ficava.