Eu queria muito poder voltar a ti
mesmo sabendo
que nada mais é
como foi um dia...
Aquela vida sem tempo ruim...
dias de inocencia e alegria..
o encanto do corrente
e nossa gente simples e feliz...!
A gente cresce
e parece que tudo perde o encanto!
Tudo fica diferente e tão distante...
a vida pedeu sua candura
e nada dura...
na´lma da mortal criatura!
Nada mais é como foi um dia
as festas folclóricas perderam a tradição
as peladas de futebol nas varzeas...
os lugares de outrara...
A gente sente saudade da gente
e dos velhos amigos que se foram,
ou que se escafederam mundo afora...
Onde estão as Floras e Joaquins,
Robertos e Celestinos ...
Que pena Filomena!...
Parece que desceram o rio
na ultima enchente do corrente...!
Um dia a gente some ambém
E quem sabe, ao acaso encontra
alguém que perdido
querendo achar o caminho de volta...
chorando, arrependido
de ter descido nas águas do rio...
se foi... sumiu... partiu!
Depois da curva do rio
há tantos mistérios
mas é lá que a eternidade mora
e todas as mágoas e sonho guardamos
no fundo do leiro do rio.
Foi-se o vigor da juventude
e hoje senil, na cadeira de balanço
vivemos de lembranças, de saudade
Vida que se acalanta por tudo que se viveu!
O tempo muda a vida a todo instante
nada mais é como o momento que passou
e não se sabe o que será amanhã!
Feito vento carregando de nuvens
a vida vai siiilennnciosamenteee!
mudando a cor dos cabelos e o vigor dos dias...
Felizes os que têm lembranças ternas
dá vida que aqui se viveu...
- Ai que saudade de mim!
Aí que saudade de nós!
das manhãs de domingo e das matines...
2 de julho... santa clara... caneção e barkinho
a prainha da Almasa...
Os motores de popa empurrando canoas
desafiando a corrente das águas...
A vara de pescar... o anzol... o ajoujo!
o farto pescado na porta de casa...
Hoje, próximo ao cais,
esquecido da vida, estático e estarrecido
vejo a estátua do remador...
Leva ela pra lá, tras ela pra cá...
parece que não tem mais lugar
senão no coração de quem a seus pés
viveu tantos sonhos... amassos...
- Ainda bem que não sumiram com ela...
O pobre simbolo do remador
hoje gera desconforto
depois de testemunhar tantos sohos...!
E lá na prainha, que alegria vê
o memorial ao tamarindo
que foi estaleiro, foi buteco,
foi lugar de namoro e de baforar a erva...
Tá lá Ele ancorado, mumificado
resistindo ao tempo ...
não se sabe se vive, se dorme,
ou se morre!
Ah! que saudade do entardecer
ao som de cantilenas de pardais
saudade dos velhos carnavais!...
O namoro na praça do jacaré
e o amasso no escurinho do cine União!
Saudade da maloca...
e de vê crianças de bicicletas ou patins,
jogando bola de pano e de gude
girando pneus e rodas com um guiador...
Saudade de tantos amores...
dos banhos de rio... de chuva
quando desenfreadas crianças
correiam na disputa da melhor bica...
Ah SaMaVi de tantos encantos
de lindas loiras e morenas
vestidas de azul e branco ou ao rigor da hora...
A escola... o namoro...a Igreja!
os gremios e as cerimonias religiosas
o som de bee gees... ai meus ais!
e céu iluminando aos olhos da rua
estrelas cruzando os céus ...
Facho de luz ligeira que se perdiam
no pendor da madrugada...
Namorados cruzavam os dedos
ao vê pedaços de meteoros cruzando os céus...
diziam ser estrela do desejo
num facho de luz enchendo os corações de sonhos
enquanto se faziam juras "ad aeternum"
em nome do amor!!
E lá alto da igrejinha embriago de lembranças...
Eu vi a vida passa... eu vivo Samavi!
até na saudade que tomou o seu lugar.
Saudade dos velhos e moços
na festa da padroeira
nas noites de lua cheia...
As festas no Club 2 de julho
A missa, o incenso...
o andor...
a procissão
o carnaval!!!
O jardim do jacaré!
os barzinhos lotados,
o marulho das águas
e gente indo e vindo
sem pressa de chegar.
Enquanto eu aqui sonhando voltar...
Eu queria tanto, tanto!
poder voltar e morrer em Samavi....
Mesmo sabendo que nada,
nada mais seria como antes fora!
Poeta, mas meu lugar também é aqui!
os intelectuais de Samavi
Junto com os que sonham
como sonhei um dia!
Josenildo e Novais Neto, Pedro Ferreira
Antônio Salustiano, Nadir Athayde
e João Nogueira e o poeta Alorof
que a ti batizou de Samavi!.
Saudade de Pedro Mariano!
do amigo Roberto Borges
na porta da Exportadora Coelho
apreciando a praça, a graça das meninas
que entravam e saiam do salão da Romilde ...
Mulheres... fazendo unhas, pés, cabelos
se embelezando para o amasso de logo depois...
Um suspiro no cangote cheiroso
um beijo no pé do ouvido
dançando de rostinhos colados
Santa Clara... Barkinho... Caneção...!
Os garanhões exibindo suas jubas
demarcando espaços, expondo virtudes...
Lucival Prado! Ivan Queiroz, Dalton
Ruy Lisboa, Zequinha, Arnóbia, Gilson
Italo e Gilvan ...
que certamente choram os mesmos ais...
Estudantes do COPOM
Samavi dos encantos que hoje perduram
nas fotos emulduradas de Rosa Tunes...
Jardins de tantas roseiras...
Lauras, Rosineivas, Núbias, Jussaras
Fatimas, Magnólias, Marilús,
Cerlinas, Esmeraldas e Deboras
Guerreiras mulheres de Samavi!
Como eu queria tanto poder voltar
E rever amigos, lugares...!
Samavi de tantos artistas e atores
Altamiro, Miranda e Tonho Mora, Carvalho,
Nadja Ferreira que nas lembranças persistem
acalentando as horas que passam ligeiras...
Foi lá, parece que ontem
onde fui tão feliz! tão feliz
nos braços de um certo amor...
que também passou!
Só SaMaVi não passa, fica...
porque ela está em mim, está você
está em nós, que ficamos...
que partimos!!
Ah!! esse desejo de voltar
e mergulhar nas águas do Corrente...
lançar a linha de pescar,
desafiar o mestre pescador (Tutes)
que definia o pescado na emoção da luta
pescador x pescado...
gritava sem errar:
-Lá vem um pacú... um dourado!.
até mesmo um baita pintado!
Piaus tres pintas e as mantrichã...
era pesca de menino!
Eu queria tanto voltar
pra morar na beira do rio,
e aos pés do remador reviver a vida que se foi...
Percorrer os bares da da cidade
na frenesi da noite namorar ...
dan çar de rostinho colado
no Bar Santa Clara
e no Bar Ovo de Codorna
jogar conversa fora!
beber bebida forte no bar do Maninho
e fofocar contemplando a praça...!
falando de tudo ao alcance dos olhos!
e depois... depois!
ir baixar a pressão no velho Pingo D'água
Onde livre era o ato de se amar.
Um giro de bicicleta
pelas ruas da cidade:
Rua Teixeira de Freitas,
o ladeirão de pedra ...
o estádio de futebol,
a Rua da Lagoa...
a praça dos Afonso
e a feirinha de sábado...
Saudade do apito do vapor...
das canoas e do velho ajoujo
ancorado no barranco do cais...
Ai que saudade dos mestres queridos
Artuzita, Tutes, Arnobio, Nana
Italas, Dilzas e Raimundos!
Saudade do jogo de domingo!
Monte Castelo x Castro Alves
grandes atletas: Adalton , Belonísio
Dadá, Dai, Dão, Dema, Dó...
Fernandinho, Renatinho,
Tonho de Palú, Touro,
Wilsão, Zé de Paula...
e o canhotinha Italo Ipojucan...
SaMaVi você ainda vai me matar
de saudade de mim.
- Lugares, pessoas que jamais esqueci!
Como eu queria tanto poder voltar
por um segundo, vencer esta distância
e beijar de novo aquelas mãos!
Saudade de minha mãe! meu Pai!
Oh! céus! que dor!
O Alto do Menino Deus,
sem alto-falantes... sem Ave Maria,
sem voz de Flávio Bonfim...
Oh! céus! oh! dor!
Mesmo com tanta saudade
e tantos não existem mais
Samavi está lá tão bela, remoçada
mesmo não sendo aquela que um dia foi.
Aqui tem pontes... tem passarelas...
tem arco e triunfos... Tem fontes d´água
tem luzes neon...
tem camara de eco subterranea
pra quem curte a praça!
tem "point" sofisticado no alto da igrejinha!
e uma paisagem sem igual...
- Como você está linda SaMaVi !..
Passarela e alto da Igrejinha
(Saudosa Maloca)