Num viajar de cacilheiro
Num viajar de cacilheiro,
Revendo lembranças no Tejo,
Lembro um abraço primeiro,
Seguido de eterno beijo.
Como despedida a Lisboa,
Revejo Belém aos Olivais,
Cheirando Alfama e Madragoa,
Marvila que amo demais.
Bairros da minha Lisboa,
Perdoai-me os outros mais,
Onde passei infância boa,
Criança que serei jamais.
Fadistas que não esquecerei,
Noites que nunca esqueci,
Fados que não cantei,
Noites que muito bebi.
Corpos quentes á toa,
Amantes esquecidos de gente,
Achados nalguma tasca de Lisboa,
Eu vos lembro eternamente.
Neste adeus tão dolente,
Á minha querida Lisboa,
Neste coração que sente,
Comigo parte gente boa.
Autoria: A. Manuel de Campos