Saudade

Há dias em que sinto tua falta.

Corrói, machuca, entro em delírios.

Quando quero fugir, faz-me rir

Quando acordo de tudo, faz-me chorar.

E pensar que até ontem, eu e tu estávamos

juntos em um só lugar, em um só coração.

Eloquentes em nossas paixões, doçuras,

amarguras, serenas, conturbadas.

É incrível imaginar que não há um dia

em que não me lembra daquele sol das cinco,

da escuridão que leva-me só ao abrigo

ou nas vezes em que nós fugíamos do óbvio.

A ponteira gira e o Cronos parece não se importar

com o que há em nossos sentimentos.

Passam como aquele rio em que eu ficava sentada,

a contemplar todas as poesias surgidas dali

E que hoje eu paro e pergunto-me: o que foi de nós dois?

Aonde foram todas as nossas histórias?

As três badaladas do sino da Igreja das seis da tarde,

a chamar-me por nossas sílabas e nossos nomes...

...Eu devo estar em devaneios ao pensar que voltaríamos

de onde tudo parou e... Talvez... Não sei...

Escrever-te uma carta faz-me lembrar os velhos tempos,

das horas a serem escritas em versos.

Ouvir dizer das palavras de um fidalgo

de que a saudade é um sol frio e todas as memórias

são como os ventos que ficam a passar por nossas vidas,

uns mais rápidos e outros a tornarem-se tempestades.

E passa mais um outono a lembrar somente de nós.

Mariana dos Expedicionários
Enviado por Mariana dos Expedicionários em 31/05/2022
Código do texto: T7528133
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