Pedra de Ardósia.(Saudade de quem se foi...)

Pedra de ardósia.

Cada letra que ti escrevo é precipitada no papel,

como escrita direta em diferentes línguas,

reprodução fotográfica da tua alma.

Telepatia do meu instinto,

que uso de improviso, no recanto das letras.

Extraído do meu íntimo, rumo ao invisível,

isso é o máximo que eu digo, enquanto me divido,

entre a dor e o sorriso, de quem não sabe se está vivo,

porquanto só se interroga, da melhor hora,

de quem parte e não sabe se volta,

pela ação oculta dos espíritos,

ou pela indiferença do teu sorriso.

Pôr-se a ler, tudo sobre o mundo invisível,

na saudade de ti rever, reverter o irreversível,

deixar pra trás o meu sofrer.

Cada dia um inimigo a vencer,

recupero as forças num ombro amigo.

Livros literários e científicos,

tudo isso só para entender, porque você se foi,

e no livro dos espíritos, fonte do Kardecismo,

ou no evangelho de Jesus Cristo, procuro o amigo,

e nas suas palavras descansa minha saudade,

que versadas na areia, espera a maré cheia,

para levar ao mar as palavras, e trazer as respostas,

que eu preciso escutar, para acreditar.

Enquanto a lua cheia, trás o perfume da minha amada.

O próprio Jesus interroga a vontade suprema,

quando escreve a resposta na areia,

como no caso da mulher adúltera.

Que nossas dúvidas possam ser grãos de areia,

que se juntando, se formem montanhas de certezas,

que nas pedras de ardósia se formam mensagens,

do oculto ao invísivel, de tudo que foi dito,

e outrora ficou gravado na memória.

Ricardo di Paula, 20/11/07.

Viva Zumbi dos Palmares.