O Desver Autorreferente

O intervalo em vermelho casca

Assoprando em teu ouvidos

O perfume de uma intenção desgarrada

Tragédia anunciada: Ame com o tato

Seu riso que costura e consome meu riso

Seu dilema costurado a rigor dos meus traumas

Sua fome costurada ao redor da minha família

Seu receio por baixo dos olhos foscos de neblina

A perfeição não é nada além de peixes mortos

Em um aquário trincado, vomitando areia e água doce

Malícia implícita, produz um cinema com olhos gentis

Nenhuma revolta para celebrar, nenhuma morte para testemunhar

É preciso inventar o verde de teus olhos

Transitando na miséria da minha alma

E do azul dos céus esmagando teus ombros

O ritual é um fronteira criada por nós a distância

E multiplicam-se vozes e rumores

Os maldizeres escorrem pelo teu corpo

Amaldiçoando teus anos, sugando tua idade

Seja celibatário, ou morra cercado de inimigos vis

Esteve impecável no horror da companhia

Cada parcela do seu corpo, desmancha-se

Vira areia molhada na boca de deuses-naufrágios

Vela-me com devoção, pois meu assombro será fatal

A onda específica de euforia

Varre minha língua com raiva

Fazendo castelos de areia com as visões embaçadas

Aquela tal versão tua que escondi, agora borra-se

Sabes bem meu nome, mas o evita

Sabes de minha pulsão, mas esconde entre outros corpos

Me busca fisicamente e eu já não estou mais ao teu aguardo

Me reduzo tão somente à uma silhueta dos teus feitos

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 28/04/2022
Reeditado em 07/05/2022
Código do texto: T7505130
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