O Desver Autorreferente
O intervalo em vermelho casca
Assoprando em teu ouvidos
O perfume de uma intenção desgarrada
Tragédia anunciada: Ame com o tato
Seu riso que costura e consome meu riso
Seu dilema costurado a rigor dos meus traumas
Sua fome costurada ao redor da minha família
Seu receio por baixo dos olhos foscos de neblina
A perfeição não é nada além de peixes mortos
Em um aquário trincado, vomitando areia e água doce
Malícia implícita, produz um cinema com olhos gentis
Nenhuma revolta para celebrar, nenhuma morte para testemunhar
É preciso inventar o verde de teus olhos
Transitando na miséria da minha alma
E do azul dos céus esmagando teus ombros
O ritual é um fronteira criada por nós a distância
E multiplicam-se vozes e rumores
Os maldizeres escorrem pelo teu corpo
Amaldiçoando teus anos, sugando tua idade
Seja celibatário, ou morra cercado de inimigos vis
Esteve impecável no horror da companhia
Cada parcela do seu corpo, desmancha-se
Vira areia molhada na boca de deuses-naufrágios
Vela-me com devoção, pois meu assombro será fatal
A onda específica de euforia
Varre minha língua com raiva
Fazendo castelos de areia com as visões embaçadas
Aquela tal versão tua que escondi, agora borra-se
Sabes bem meu nome, mas o evita
Sabes de minha pulsão, mas esconde entre outros corpos
Me busca fisicamente e eu já não estou mais ao teu aguardo
Me reduzo tão somente à uma silhueta dos teus feitos