A criança
Queria ver teus olhos com meu olhar de hoje,
Queria ver teu olhar ao perceber o que hoje eu sou.
O espanto seria teu e a tristeza seria minha.
Olharias para mim como um estranho que olha para algo que não reconhece…
Olharias com a ternura de uma criança que não entende a aflição de um adulto.
Por que a vida é tão curta e os meus dias tristes são tão longos?
Por que ao rever o que eu fui um dia, me faz ficar tão distante do que hoje eu sou?
O que dirias para mim?
O que eu diria para a criança?
Talvez tivesse a ternura de um pai que não teve um filho.
Talvez tivesses a angústia de um filho que não teve pai.
Eu olhando o que um dia eu fui,
sabendo no que me tornei.
O céu escurecendo…
A noite com seu manto, cobrindo como um cobertor o passado e o futuro, refletido num presente triste.