duelo

esse duelo frio

de palavras ponteagudas,

farpas parafraseadas com ironia

silêncio estrategicamente colocado

para incomodar,

desagradar e

destabilizar

é como um degrau oculto na

rampa, por detrás da escada

sempre a nos propiciar o tombo,

esse duelo desonesto

do opressor e sua vítima

do verdugo e seu prisioneiro

essa flâmula a acenar o caos,

e apontar a direção do vento

e a perdição do infinito

esse duelo pérfido e vazio

de sentimento oco e bastardo

de frustração e engano

quantos enganos,

quantos desencontros

nas encruzilhadas do caminho

sua vaidade é o viés do ridículo

e, é ainda mais ridícula

por lhe cair cafajestavelmente bem.

rancor contido na ponta de sabre

a rasgar a roupa, a romper o véu

e vai buscar no fundo da carne

a amálgama de tudo

a causa fundadora de tudo

a raiz da erva daninha

deste duelo

restou a respiração ofegante

a grande indiferença ao cair da tarde

algumas doses de gim e tônica

a fonética frouxa de monossílabos

insólitos e

evasivos...

no fim do duelo

não honra e nem glória

não há heróis ou vencidos

não há vilões ou corcundas

que debruçados no alto da torre

descobrem a furtiva beleza

de uma cigana.

esse duelo mata os dois,

mata o tempo e o espaço,

arde a chama quente que vai lentamente

apagando da memória a vontade de viver

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 24/11/2007
Reeditado em 24/11/2007
Código do texto: T749871
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.