Nas minhas lembranças vejo-te sempre

Com uma tiara larga no cabelo grisalho

O talco perfumado espalhado no rosto

E no corpo borrifado o leite de rosas.

 

Usando aquele vestido preto e branco

A renda da anágua aparecendo colorida

Nos pés, a sandália de couro estragada

E ao redor do pescoço o lenço de seda.

 

Naquela insigne janela do quarto

Com vista para o grandioso quintal

Absorta transcede no tempo passado

Com o olhar perdido no azul do infinito.

 

Vejo-te ainda sentada na varanda

Preso na cadeira o mulambo de pano

Nas mãos o abençoado terço de prata

E em cada conta uma fervorosa oração.

 

fatima fontenele lopes

Rascunhos da Alma