O banco

Tudo mudado,

Mas nada revirado,

A lembrança mantém o momento intacto.

Banco,

Poste,

Igreja,

A lua,

Os anjos,

E as estrelas.

Ali,

O tempo parou.

O tempo passa,

E a fotografia,

Na minha mente registrada,

Não desfoca,

Não envelhece,

Não perde a cor.

Teu sorriso reluzindo,

Óculos embaçado,

Teu cheiro ainda entorpece,

E apesar da noite,

Uma luz que sempre clareia.

Suavidade da pele,

A boca que me chamava,

O abraço,

Que a saudade esquenta.

A felicidade gargalhava,

O Santo,

Da janela espiava,

Anjos tocavam harpas,

A lua se agigantava,

Com toda sua força,

Brilhava.

Deixo o casal da lembrança,

Caminho até onde morava,

Me pude me ver de joelhos,

Ainda fazendo graça,

Presenciei o primeiro beijo,

Senti o quanto gostava.

Ali também vi o banco,

Onde sempre te esperava,

Te acompanhava a escola,

E quem diria?

Aos sábados íamos a igreja,

E ali,

Por nós,

Eu rezava.

Em frente a casa,

Vi a faixa que coloquei,

O chão riscado com tijolos,

Diziam o quanto te amava.

Também vi nossa despedida,

Minhas partidas e chegada,

Outro banco,

Outra história,

Que ali foi interrompida,

Talvez,

Para essa ser contada.

A história da saudade,

Em algum banco,

Sendo deixada.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 20/03/2022
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