O banco
Tudo mudado,
Mas nada revirado,
A lembrança mantém o momento intacto.
Banco,
Poste,
Igreja,
A lua,
Os anjos,
E as estrelas.
Ali,
O tempo parou.
O tempo passa,
E a fotografia,
Na minha mente registrada,
Não desfoca,
Não envelhece,
Não perde a cor.
Teu sorriso reluzindo,
Óculos embaçado,
Teu cheiro ainda entorpece,
E apesar da noite,
Uma luz que sempre clareia.
Suavidade da pele,
A boca que me chamava,
O abraço,
Que a saudade esquenta.
A felicidade gargalhava,
O Santo,
Da janela espiava,
Anjos tocavam harpas,
A lua se agigantava,
Com toda sua força,
Brilhava.
Deixo o casal da lembrança,
Caminho até onde morava,
Me pude me ver de joelhos,
Ainda fazendo graça,
Presenciei o primeiro beijo,
Senti o quanto gostava.
Ali também vi o banco,
Onde sempre te esperava,
Te acompanhava a escola,
E quem diria?
Aos sábados íamos a igreja,
E ali,
Por nós,
Eu rezava.
Em frente a casa,
Vi a faixa que coloquei,
O chão riscado com tijolos,
Diziam o quanto te amava.
Também vi nossa despedida,
Minhas partidas e chegada,
Outro banco,
Outra história,
Que ali foi interrompida,
Talvez,
Para essa ser contada.
A história da saudade,
Em algum banco,
Sendo deixada.