Caroço de manga
Edson Gonçalves Ferreira
Quando eu era pequeno
E já tinha um olhar poético sobre a vida,
Ao chegar o Natal, ficava elétrico
E como não havia dinheiro para enfeitar a casa,
Pegava caroços de mangas,
Punha para secar,
As fibras secas viravam a barba,
Eu pintava olhos e boca e, depois,
Colocava o capuz e, então, nascia
Nascia os papais-noel
Eles enfeitavam a nossa árvore de Natal de pobre
Decorada com algodão
Com caixinhas de fósforo embrulhadas com papel brilhante
Retirados dos maços de cigarros
E, lá de cima, tenho a certeza de que Deus sorria
Enquanto, na minha inocência, eu não sabia
Que eu virava o papai noel dos meus irmãos menores.
Divinópolis, 21.11.07