Falando de saudade
Olhando o dias turvos, nublados, vem uma dantesca vontade de falar em saudade...
... daquele aperto no peito, que dilacera, que maltrata, que rasga-se em véus de lágrimas.
Talvez a poesia seja o passado presente, latente, falando daquilo que já não existe,
que deixou marcas invisíveis, mas que estão ali, pulsando, fazendo lembrar de cheiros, gostos, gestos, tudo que valeu à pena vivenciar.
Talvez o poeta viva fadado a estar preso no passado, sangrar por dentro, chorar, transformar o sofrido pranto em palavras de encanto para recordar...
Olhando dias nublados, perco-me nas lembranças de tudo aquilo que deixou de existir, ciclos, pessoas, lugares... tão explícitos na memória, mas que já não vivem mais, a não ser na saudade... apenas saudade.
Suspiro, reflito, pensamentos tomam forma, ganham força como um lugar inabitável esquecido na mente, que vez ou outra, vem à tona.
... que escorrem pelos olhos em forma de lágrimas, fazem doer, pra enfim, quando em demasia, o poeta transformar a dor da saudade em uma dorida poesia.