Rosangela.(Saudades)

Outubro.

Quarta-feira, quatro da manhã, meu anjo da guarda me acorda,

só para me lembrar de pensar em você, e a chuva caiu a noite toda,

os pingos batiam na janela, como uma sinfonia de amor, a me lembrar,

do sonho que tive, lembro do gosto do seu beijo na minha boca.

E essa chuva que não pára, nem posso sair de casa, penso em você,

tua pele morena banhada pelo sol, e essa saudade que não passa.

A cidade parou, o túnel Rebouças fechou, você nem ligou, o céu parece

chorar. Primavera, mistura das quatro estações, enquanto o sol brinca

de arco-íris comigo, eu lembro da íris dos seus olhos, enquanto os opostos

se distraem, os dispostos se atraem, e eu tenho andado distraído, mas isso é

outra história, tenho que ti dizer o que sinto por você, você é minha rosa,

Rosangela, meu complemento angélico, preciso dizer, não, preciso gritar para

o mundo inteiro ouvir: TE AMO. O coração se acalma num momento ângelus.

O cúpido que nos assiste parece distraído, enquanto eu estou disposto a

recuperar o tempo perdido, e fazer o oposto dos opostos, concretizar o

amor dos dispostos, fazer você saber o que sinto, e que não existe nada

que se possa comparar, a esse amor, que é mais importante que tudo que

existe, e não é sagrado, enquanto matéria, é amor que se consagra no

profano, e deságua no sagrado, como coisa rara, somos pessoas raras.

Tenho que parar de usar metáforas e ser mas disposto e menos distraído.

Estou preso, tem um dilúvio na rua, e o centro da cidade parou, olho a hora,

tem que ser agora, você vai sair do trabalho e eu não vou estar do seu lado.

Quarta-feira, dia vinte cinco de Outubro, faltam sete dias para o fim do mês,

e no Rio de Janeiro, cai um dilúvio e esse cupido que nos assiste deve estar

procurando abrigo, enquanto isso eu me arrisco a perder o seu coração.

Mas aceito o convite e me jogo na chuva, sem guarda-chuva, vou com esse vento que me carrega ou com a brisa que afasta, vou depresa, vou de barco

a velas, sem salva-vidas, e te espero na porta do teu trabalho, você me vê

todo molhado e me diz: porque você se arrisca? E eu digo: só para ver teu

sorriso, você sorri e me beija, eu fico calado e olho para o lado, e vejo, meu

anjo da guarda com o guarda-chuva na mão, protegendo o cúpido que nos

assiste, e embaixo da marquise, nós, os dispostos, nos beijamos, enquanto os

dois, vão embora em meio a gargalhadas!!! Dizendo: somos todos raros...

Ricardo di Paula, 25/10/07. PM 20:30.

“O que está sublinhado, foi tirado do Teatro Mágico”.

E para eles: um abraço suado.