À sala vazia de vozes...

Anoitece...

Vento estival -

Da janela entreaberta

Observo à sala vazia de vozes,

Mas repleta de sonhos

Aquietados em sobrepostas teias:

No espaldar da cadeira,

Unindo os cacos pontiagudos

De um espelho quebrado

Majestosas teias

Tecidas por atemporal Aracne

Sonolentas e empoeiradas linhas;

Espalhadas partituras -

Estendidas e alongadas

Figuras geométricas...

Enquanto, ao som dos sinos de vento

Despeço-me

Fica a nostalgia - reticente

Imóveis grãos de areia...