Cansaço
De saudade se enche a tela,
E inunda as linhas e o papel;
Não sei se é feia ou se é bela,
A inspiração e o seu pincel...
A contornar desenhos tantos,
Formas abstratas tão gastas;
Em palavras poucas, lentas, atas,
E pastas, potes, caixas e cantos.
Casas tortas, paredes brancas;
E tua mão, a poesia me arranca,
Tranca o sentir, e a alma franca;
Toca tua vida frágil, tua voz fraca.
Faca que corta o pão, e o bolo...
E a poesia que escrevo e enrolo,
É só um papel, sem dono, e tolo;
É o meu coração sem consolo...