CARTA À PEQUENA
Há quanto tempo, sim, não te escrevo
Ficaram enferrujados todos os vazios
Eu, mesmo um pouquinho, já te esqueci
As andanças da vida que mudam o rosto
E as nossas saudades pairadas no tempo
A ausência que fazes não é tão grande
Ao beirar da noite quando me dizias:
"Obrigada por sua companhia!"
E sonhávamos juntos ao entardecer
como duas crianças e suas fantasias
Escrevo-te!
Mas o remetente é um espaço em branco
Escrevo para o tempo que ficou na estante
A fotografia de uma autêntica cumplicidade
que se perdeu com a temida distância
E se tornou para sempre — ausências.