A vida na roça
As abelhas passavam zunindo
As flores estão iam se abrindo
Algodoal florido, meu cafezal em flor
Amendoins espalhados pelo chão vermelho
se confundindo
Ah que gosto, hoje não tem mais não
Bonecas de milho eram crianças
brincando soltas pela roça
e as vassouras tremulando
as melancias vermelhas, amarelas
os melões que até hoje tenho cheiro impregnado
A mata e suas relvas soltas
Os pássaros cantando em serenata
dia e noite, noite e dia
sem trégua, aquilo sim era musica
Aquilo era som...
O feijão, o arroz, o gado no pasto
Trilhando e fazendo os mesmos rastros
desenhado a tempos que de longe se via
A cachoeira, quantas brincadeiras
O riacho que tanto pesquei
Os lambaris, a traíra, o bagre, o piau
Até a sucuri que até hoje me arrepia
Quando lembro do susto
as lontras, capivaras, ratos do banhado
Onças que rondavam a a casa
Os cachorros, e, eram usadas como argumentos
para nos guardar dentro de casa
Mas pra tudo tinha solução
Tínhamos nossos folguedos, brincadeiras de montão
Aquilo sim era vida
Não existia rede social, netflix ou televisão, internet
Invasão da mente, do banco enriquecendo a custa do pobre
Os políticos eram os mesmos, esses não mudaram não
Muito menos agronegócios, o Deus mercado
Mandava não
Consumíamos o que produzíamos, o excesso
Servia pro fim ano
Um conjunto de roupas, sapatos
e brinquedos, mas o mais importante
era a vida, a felicidade de sorrir
e ser livre sem prestar conta
ou ter aprovação do mundo
que não paga nossas contas e enfia a mão
A vida era muito simples e gostosa como deve ser
E por isso que digo e falo sempre
como era bom o meu sertão.