A vida na roça

As abelhas passavam zunindo

As flores estão iam se abrindo

Algodoal florido, meu cafezal em flor

Amendoins espalhados pelo chão vermelho

se confundindo

Ah que gosto, hoje não tem mais não

Bonecas de milho eram crianças

brincando soltas pela roça

e as vassouras tremulando

as melancias vermelhas, amarelas

os melões que até hoje tenho cheiro impregnado

A mata e suas relvas soltas

Os pássaros cantando em serenata

dia e noite, noite e dia

sem trégua, aquilo sim era musica

Aquilo era som...

O feijão, o arroz, o gado no pasto

Trilhando e fazendo os mesmos rastros

desenhado a tempos que de longe se via

A cachoeira, quantas brincadeiras

O riacho que tanto pesquei

Os lambaris, a traíra, o bagre, o piau

Até a sucuri que até hoje me arrepia

Quando lembro do susto

as lontras, capivaras, ratos do banhado

Onças que rondavam a a casa

Os cachorros, e, eram usadas como argumentos

para nos guardar dentro de casa

Mas pra tudo tinha solução

Tínhamos nossos folguedos, brincadeiras de montão

Aquilo sim era vida

Não existia rede social, netflix ou televisão, internet

Invasão da mente, do banco enriquecendo a custa do pobre

Os políticos eram os mesmos, esses não mudaram não

Muito menos agronegócios, o Deus mercado

Mandava não

Consumíamos o que produzíamos, o excesso

Servia pro fim ano

Um conjunto de roupas, sapatos

e brinquedos, mas o mais importante

era a vida, a felicidade de sorrir

e ser livre sem prestar conta

ou ter aprovação do mundo

que não paga nossas contas e enfia a mão

A vida era muito simples e gostosa como deve ser

E por isso que digo e falo sempre

como era bom o meu sertão.

Luiz Carlos Zanardo
Enviado por Luiz Carlos Zanardo em 23/12/2021
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