Presente de natal

Quantos dezembros, sempre acordado,

ouvindo renas, sinos e trenós...

Eu e meus sonhos, quase sempre a sós,

a espera do presente desejado!

 

Um olho semiaberto, outro fechado,

enquanto não viesse a escuridão

que vinha, como fosse o bom ladrão,

roubar-me a luz do sol pelo telhado.

 

A minha mãe, num beijo abençoado,

saía, com sutil delicadeza,

deixando uma luz somente acesa:

uma estrela no céu, todo apagado.

 

E vinha, de trenó, um sonho alado,

teleguiado até ao meu desejo.

E minha mãe então me dava o beijo,

Que me punha  dormir mesmo acordado.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 27/11/2021
Código do texto: T7395020
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