Eclipse

É solitário toda vez que você fecha a porta

E volta para a sua vida

É solitário quando eu me viro em direção ao sofá

Sentindo o cheiro de cerveja e de sexo

O corpo ainda vibrando dos toques recentes

A mente invocando as lembranças de novo e de novo

Eu sempre odeio te ver partir

E ainda assim...

Eu sempre adoro te ver chegar

Porque sei que em algum momento vai partir

Dizem que a menor distância entre dois pontos

É uma linha reta

Mas quando dois pontos fora da reta colidem

Eles só podem se encontrar nas entrelinhas

Fora do tempo e do espaço

Cada encontro com o fascínio de um eclipse

Ocultando cada aspecto da vida lá fora

Mas com a mesma brevidade que carrega o fenômeno

E como a lua cobrindo o sol

Sabemos que vai acontecer de novo

E sabemos que será fascinante

Mas não sabemos quando

E de algum jeito um pouco masoquista

A espera faz parte do fascínio

E no momento em que você cruzar a porta de novo

Não haverá distância porque o tempo vai parar

Aguardando pacientemente enquanto colidimos num abraço

Dois pontos fora da reta explodindo de luz e calor

Dançando a melodia que o Universo compôs só pra nós

Unidos como se não houvesse adeus

Mas sabendo que ele chegará mais cedo ou mais tarde

E ainda assim...

Sempre haverá outro eclipse.