CASINHA DA SERRA

 

Tarde gelada de um dia chuvoso,

mortas lembranças se apagam

como lamparina na mente.

Não há retratos pendurados

nas paredes manchadas de tintas,

somente sapatos envelhecidos,

duas pulseiras de pratas e

um pingente

 

A  cadeira de balanço se movimenta

com o vento,

a cortina da porta acompanha os seus

bailados,

a mesinha  de madeira esquecida e

empoeirada geme quando a tocam,

o sol de manhãzinha desponta  sobre

uma borboleta morta.

 

Da terra sobe um cheiro forte

de chão molhado pela chuva,

a cama é coberta de colchas de

retalhos,

e o abajur desenhado de peixinhos,

não acende e tudo é mal iluminado,

não há chaminé e nas janelas os

os vidros estão quebrados.

 

O tempo foi esquecido como os

varais de roupas novas,

o trenzinho da ponte de madeira

desfilava em céu aberto,

as noites juninas regadas de batatas

doces e goiabadas.

Fogos de artifícios estrelaram os céus

adentro as madrugadas,

a casinhas lá da serra uma lembrança

apagada!





 

Celso Custódio
Enviado por Celso Custódio em 03/11/2021
Reeditado em 12/11/2021
Código do texto: T7377689
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