CASINHA DA SERRA
Tarde gelada de um dia chuvoso,
mortas lembranças se apagam
como lamparina na mente.
Não há retratos pendurados
nas paredes manchadas de tintas,
somente sapatos envelhecidos,
duas pulseiras de pratas e
um pingente
A cadeira de balanço se movimenta
com o vento,
a cortina da porta acompanha os seus
bailados,
a mesinha de madeira esquecida e
empoeirada geme quando a tocam,
o sol de manhãzinha desponta sobre
uma borboleta morta.
Da terra sobe um cheiro forte
de chão molhado pela chuva,
a cama é coberta de colchas de
retalhos,
e o abajur desenhado de peixinhos,
não acende e tudo é mal iluminado,
não há chaminé e nas janelas os
os vidros estão quebrados.
O tempo foi esquecido como os
varais de roupas novas,
o trenzinho da ponte de madeira
desfilava em céu aberto,
as noites juninas regadas de batatas
doces e goiabadas.
Fogos de artifícios estrelaram os céus
adentro as madrugadas,
a casinhas lá da serra uma lembrança
apagada!