O FIM DO POETA

JOEL MARINHO

O velho poeta já cansado não conseguia digitar no pequeno teclado, seus grossos dedos apertavam duas teclas de uma só vez e ele aborrecido se desfez daquela “máquina demoníaca” e mortífera a quem aprendeu escrever de caneta.

Pegou o velho borrão, tomou um gole de café já quase gelado e na doce calmaria assim escreveu cheio de saudades a sua linda e adorada amada.

Ó minha linda, amada e adorável Isabel

Desde de que você virou no céu estrela

A minha vontade é de ir logo para vê-la

Abraçar, dançar e beijar sua boca de mel.

 

Se está a me ver, amor dai-me um sinal

Aqui na terra tudo está triste, é só solidão

Convença Deus para você me dar a mão

Nada aqui tem mais cor, tudo me faz mal.

 

Como eu sinto a falta dos teus carinhos

Meu corpo gelado reclama a falta do seu

Do que vale respirar sem meu oxigênio?

 

Logo eu que ao seu lado fui grande gênio

Hoje já nem sei onde estar aquele meu eu

Sempre soube, sem você sou pequeninho.

A cortina da vida fechou e sem nenhum aplauso. O velho poeta olhou para o céu e lá no alto a estrela Isabel estendeu-lhe a mão. Naquela cadeira o encontraram sentado, olhos abertos e vidrados, corpo gelado e um sorriso no rosto fixado naquela estrela que piscava a ele como quem sorria. Era amor? Era magia? Seja o que for o poeta descansou e se livrou das parafernálias que atrapalhavam escrever a sua poesia, quem sabe lá no céu ao lado de Isabel ele ganhará uma caneta e um bloco de papel para escrever poesias apaixonadas a sua bela amada?