AMO
Amo estes pés feridos
Que percorreram milhas
no ir e vir do afã diário
construindo a vida
Amo estes pés que percorreram
Caminhos insondáveis
E que apesar dos espinhos
Não desanimaram
Amo estas mãos calejadas
Que teceram a vida
Que cultivaram a terra
Que colheram o trigo
Que fizeram o pão
Que saciaram a fome de tantos
Que alimentaram a esperança
nos corações desalentados
que juntas oraram, que puniram
que perdoaram, que abençoaram
Amo estas mãos que ofereceram a flor
A mais singela, num gesto supremo
de amor
Amo estes olhos que serenos
contemplam o incerto amanhã
que deixam escapar lágrimas de dor,
de alegria, estes olhos inquiridores
que viram a história,
que viram derrotas, que viram vitórias
amo este olhos que dizem tantas coisas
Amo esta boca que murmurou
Preces silenciosas
Que disse impropérios
Mas que também disse, “ eu te amo”
Amo esta boca que gritou
Gritos de protesto pelas injustiças
Amo esta boca que cantou hinos de repudio a opressão
Que cantou hinos de louvor em forma de oração
Amo esta boca que calou-se para não ferir
Amo esta boca que disse:
Obrigado! Pai Eterno por eu existir.
Dedicado a meu Pai que me ensinou a ser o que sou