Saudade

Pedaços de mim na dor de um silêncio

Uma trama antiga que nada desfaz

O refrear das lágrimas a que não renuncio

O sufocar no eco, um caminho incapaz.

As pegadas inflamam o meu caminhar

É o turbilhão que me mantém desperta

Ser a coragem e a força em chegar

A este termo de uma certeza incerta.

Serei a cura de tanto cansaço

Da doença projectada pela distância

Desta lonjura que irrompe dum pedaço

Circulando assim, numa tal instância.

Perco a lucidez na escura solidão

Solidão que enlouquece com delírios tais

Longas as noites de insónias e agitação

Das saudades que sinto dos dias banais.

Esta ausência de voz me corrói

No vazio do nada com nada preenchido

Num corpo aberto, um coração que dói

Pedindo que acabe este insano gemido!

Ailid
Enviado por Ailid em 31/07/2021
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