Saudade
Pedaços de mim na dor de um silêncio
Uma trama antiga que nada desfaz
O refrear das lágrimas a que não renuncio
O sufocar no eco, um caminho incapaz.
As pegadas inflamam o meu caminhar
É o turbilhão que me mantém desperta
Ser a coragem e a força em chegar
A este termo de uma certeza incerta.
Serei a cura de tanto cansaço
Da doença projectada pela distância
Desta lonjura que irrompe dum pedaço
Circulando assim, numa tal instância.
Perco a lucidez na escura solidão
Solidão que enlouquece com delírios tais
Longas as noites de insónias e agitação
Das saudades que sinto dos dias banais.
Esta ausência de voz me corrói
No vazio do nada com nada preenchido
Num corpo aberto, um coração que dói
Pedindo que acabe este insano gemido!