E POR VEZES…
Por vezes dou por mim a falar comigo,
Pergunto a mim próprio o meu estado
De espírito, por andar muito distraído,
E falar sem sentido, muito preocupado.
E por vezes imagino que tomo banho,
Na baía de CABINDA, onde eu ainda
Me sinto bem, apesar da água suja
Pelo petróleo que anda à sua tona.
E por vezes, imagino-me na floresta
A conviver com os animais em festa,
Matando saudades do tempo antigo
Em que era para eles grande amigo.
E por vezes regresso à minha escola,
Onde aprendi as primeiras palavras
E conheci amigos a amigas a sério,
Por saber que é irreal, um desespero.
E por vezes penso nas brincadeiras
Que tive descontraído e sem senso,
Ao arriscar sofrer com as asneiras,
Que cometia com um contratempo.
E por vezes recordo as emissões
Do Rádio Clube de Cabinda, no ar,
Com a minha voz a falar ou recitar
Poemas da minha lavra, de adorar.
E por vezes tenho bela sensação.
Que nas areias da praia do farol,
Me envolvo abraçado, à mulata
De sonho, minha boa obsessão.
E por vezes acordo sobressaltado
Por tais sonhos ter sido assaltado,
Ficando triste por ter sido irreal
Tudo o que sonhei, pena capital.
Ruy Serrano - 28.07.2021