Portas do Passado - Homenagem ao vovô e a vovó

Portas do Passado

O pau de mexer angu pendurado

Ao lado da chaminé do fogão à lenha

É chave a abrir as portas do passado

Chamando pra que a felicidade venha

Ainda estão lá o velho mancebo

E o coador de café de pano roto

E com lágrimas no rosto percebo:

Quanta saudade do tempo de garoto

A velha panela de ferro preta

Já não assa mais a saborosa broa

E o azeite com pimenta malagueta

Já não tempera a carne de leitoa

Ali era o paraíso, céu da alegria

Vovô ralhava com nossas molecagens

Mas vovó de pronto nos defendia

Justificando nossas traquinagens

A gente só corria o dia inteiro

Porém, não se tinha pressa de nada

Assustar as galinhas no galinheiro

Deixava na gente uma canseira danada

Ah vovô, ah vovó, quantas saudades!

Lembro-me de vocês com tanto carinho!

Suas bênçãos transmitiram-me verdades

Fé de que nunca caminhei sozinho

Pau de angu, mancebo, coador de pano,

E panela preta, digam então:

Como pode viver isso o ser humano

E não encher de amor o coração?

Divino de Paula

Divino de Paula
Enviado por Divino de Paula em 26/07/2021
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