Portas do Passado - Homenagem ao vovô e a vovó
Portas do Passado
O pau de mexer angu pendurado
Ao lado da chaminé do fogão à lenha
É chave a abrir as portas do passado
Chamando pra que a felicidade venha
Ainda estão lá o velho mancebo
E o coador de café de pano roto
E com lágrimas no rosto percebo:
Quanta saudade do tempo de garoto
A velha panela de ferro preta
Já não assa mais a saborosa broa
E o azeite com pimenta malagueta
Já não tempera a carne de leitoa
Ali era o paraíso, céu da alegria
Vovô ralhava com nossas molecagens
Mas vovó de pronto nos defendia
Justificando nossas traquinagens
A gente só corria o dia inteiro
Porém, não se tinha pressa de nada
Assustar as galinhas no galinheiro
Deixava na gente uma canseira danada
Ah vovô, ah vovó, quantas saudades!
Lembro-me de vocês com tanto carinho!
Suas bênçãos transmitiram-me verdades
Fé de que nunca caminhei sozinho
Pau de angu, mancebo, coador de pano,
E panela preta, digam então:
Como pode viver isso o ser humano
E não encher de amor o coração?
Divino de Paula