[... os tempos d'outrora] (Dueto)
Par'aonde foram os tempos d'outrora?
N'aquele tempo em que era nosso e que todos podiam “tocar no mundo"?
Por que com passar ou alongar do tempo
Esse tempo de nós se oculta?
Sim, pergunto, novamente:
Em que canto foi parar aquele tempo "físico" e de verdade das crianças pobres e tão ricas em imaginação, sonhos e disposição?
(Diferente das brincadeiras surreais dos jogos de computador)!
“Aqueles tempos”...
De pés no chão e cabeça na lua,
Ou estrelas, vai se saber...
Eu subia em árvores (e podia até escolher)
As sentia, as abraçava e conversava
Também caía e me arranhava
Eu pulava de cima da lage...
Era bem doidinha, devia pensar minha mãe...
Mas era obediente, que não fugia dos safanões, nem chorava...
Eu soltava pipas,
As que pegava e as que fazia...
Vê-las no ar, me encantava e fazia sonhar em voar...
Eu jogava bolas de gudes... e pião
Não tinha essa de brincadeiras de meninos...
Eu gostava e brincava. Ganhava e perdia, não me importava...
Sabia
Jogar peteca
E correr rolando pneu
Era goleira de Futsal...
Jogava na escola
E no quintal...
Jogava queimada
Pique lateiro
... na rua
Mas agora, oh!, não pode, é "anti-higiênico"
E tem carros na rua, sequestradores de crianças
- Está perigoso hoje - (definitivamente não pode ficar fora de casa!)
[E se tem uma pandemia...
Bons tempos “aqueles”...
“Aqueles tempo” sem que se corria de pés descalços...
E não se pensava nas tristezas, apenas se chorava, às vezes...
Mas, que logo passava...
Nada durava... Só a fome, às vezes...
Mas, que as canas também ajudavam a esquecer...
Oh! Tempos em que não se tocava a campainhas...
Que se bastavam as alegres palmas...
E o,” Ô de casa””
E lá vinha
O chamado ou a chamada
Que um largo sorriso, sem nada cobrar, oferecia...
E logo
Convidava pra entrar...
Ou mesmo, já entrava dentro de sua casa...
Mas, agora, de form'alguma, não
(mesmo porque as casas estão com suas portas trancadas)
Por que agora, as crianças já pouco sorriem...
[Estarão virando adultos mais cedo?
Pular o muro? Só de travessuras
Pra sentir a adrenalina e desafiar os próprios limites...
Claro, se fosse pega, a correia falava na pele (e não fiquei traumatizada)
Nos dias atuais, são travessuras, não possíveis...
Não recomendadas pelo que muros estão com suas cercas elétricas
Proteção? Não sei não! Se vive cercado e enjaulados... Viramos “as feras”!
E, subir no telhado? Já não convém, corre-se muito mais riscos...
Imagina, se na travessura, for confundido com um ladrão
Ou se encontrar com uma bala perdida...
Oh! Aonde foi parar os deliciosos tempos da minha infância?
Quero voltar a subir nas árvores...
Quero de novo soltar pipas...
Quero correr, poder suar,
mesmo a chegar chorando por causa de meus tombos
Quero voltar a jogar queimada, brincar de rouba-bandeira, pega-pega
Não quero mais ficar diante do PC a jogar com “seres surreais”
Tenho saudades e sede de meus brinquedos...
Os imaginários e os "reais"
Quero o meu mundo de outrora...
Em que eu sonhava
E era livre...
Em que as pessoas eram gente...
Em que os pesadelos
Eram noturnos...
Quero de volta...
Não apenas em versos...
...todos os tempos d’outrora
“H” e Juli Lima
Velha Infância - Marisa Monte (Tribalistas) Ouça
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