Medo de Fantasma.

Outra vez é noite alta

é madrugada

Eu acordo do nada

ou de um sonho ruim

Eu procuro

com os olhos no escuro

O meu velho fantasma

que em criança me fazia medo

Num tempo em que sonho

era sempre algo bom

e que eu tinha tanta vontade

de sair pra rua e viver a tudo que eu vivi

Eu queria tanto acordar

quando já fosse dia

Perguntar pra minha velha assombração

aquele medo bobo, que me protegia

De criança que chora por alguma falta

Não sentia essa falta de ar, que eu sinto agora

Qual era a tua sensação

Por que foi que sumiu

Que segredo guardava sobre mim

e de onde vinha o cheiro de hortelã

Combinado à brancura das vestes

Só restaram perguntas

A fazer pra quem me guardava

e nunca mais voltou

Num tempo em que eu me deitava

E, sem medo nenhum dessa vida

Eu dormia até a próxima manhã.

Edson Ricardo Paiva.