Detalhes de nós
Eu olhei e acordei na ordem que as coisas foram tomando forma.
Me espantei que do meu lado uma moça perguntava se era para jogar o lixo para fora.
Me amou de forma preguiçosa, não pretendendo sair dali.
E mais uma vez se tornou a talentosa mulher que sempre me fez sorrir.
Não era bem ela que eu esperava me tirar do tédio que eu construía.
Lembrei também que nunca perguntava se qualquer coisa boa eu somente fingia.
Promessa de mudar de vida eu fiz milhares naquele instante.
E só consegui alterar uma fina foto de olhares intrigantes.
Não fujo de seus dramas e tampouco me escondo de seus medos.
Não há em mim qualquer suspense que clama o duradouro pesar desse enredo.
Não mentiria mais uma vez com a negligência de um jovem amador.
Não aproveitaria, talvez, a fraqueza e decadência do meu único amor.
Queria bem mais do que um adeus cheio de beijos e saudades.
Até porque a hora dos meus desejos sempre eram alguns minutos de vaidade.
Queria o derradeiro abraço de quem aprendeu como deveria.
Perdendo em desespero nos braços onde gostaria de guardar alegria.
Acordei e olhei o quarto vazio de quem nunca esteve mais sozinho.
Queria ao meu lado o pavio que pulsa cada passo do meu caminho.
Escutei mais uma música antes que na minha mente só existisse sua voz.
Incoerente e única, é o triste detalhe que só pertencia a nós.