SAUDADE (RE)CONDUZIDA
SAUDADE (RE)CONDUZIDA
Saudade não se limita à presença.
Dói não estar em nós aquilo
Que nos frequenta.
Sentir a dor que não nos cabe
Por pertencê-la ao outro.
O desejo era apenas tocar seu pensamento
Com a ternura de quem se faz contente.
Mas é um amor contraído, contrariado
Pelo passado que se faz presente
E sabota o futuro.
Teu corpo já não se rende aos caprichos.
Teu peito já se perde na ansiedade,
Porque o irreversível tempo se converte
Em chaga.
E já chega de espaços entre nós.
Tua voz solene
Somente se faz permanente
Em sonhos.
No amor a solidão se refaz
Feito um abraço dado ao vento,
Que o futuro leva
Sem nunca ter chegado.
Sou o filho perdido do tempo
Nascido antes da ânsia
E abortado pela bússola.