SAUDADE
Apalpa meu seio,
Arrebata-me,
Planta meu sonho
Em crateras da lua.
Silencia meus ais.
Cobre-me com etéreo
Corpo
Provocando desmaios.
Acelera meus fluidos
Em queda de cachoeira.
Apalpa meu ventre,
Sente o movimento
De vidas que nele estiveram
Crescendo para o mundo.
Beija-me os lábios em fogo,
Liberta minha fera
Para devorar meus medos.
Ardo em brasas
Na fogueira do meu passado.
Sou, em momentos, hospedeira
Do seu espírito imprevisível
Tornando-me um fragmento
No espaço do tempo.
Vem e rouba das artérias
O vinho que me anima,
Enfraqueço...
Não quero sentir,
Porém estou diante de um xadrez
Disputado, pedra a pedra todo dia.
Ela, cínica, toma o meu rei,
A vitoriosa Saudade,
Para quem perdi o jogo...
08/01/05.