A RÊDE DA SAUDADE
A RÊDE DA SAUDADE
Hoje deitei na minha rêde
E ela começou a balançar
Então lembrei de lembrar
Da infância com meus dias
Foram de menino pobre
Mas não me comparo aos nobres
Pois não viveram minha alegria
As vezes na casa de vó eu ia
Prá comer café torrado
D'aquele bem pilãozado
Feito um torrão de açucar
A minha boca ficava preta
Eu não fazia nem careta
E ia comendo com araruta
Vão quebrando aí a cuca
Esse filhos de granfinos
Vocês não imaginam
O que ter nobreza de menino
A alegria da pobreza
As suas grandes tristezas
São prá nós um bom destino
Conheço o badalar do sino
E o chocalho das ovelhas
Aqui me corre nas veias
O sangre puro dos meus pais
Nos mostraram os ensinamenos
Estavam a todo momento
Mostrando como se faz
A rigidez não foi demais
Nos ensinaram a viver
Nunca e nada ter
Sem o fruto do trabalho
Para botar as letras nos trilhos
Tive um caderno de caligrafia
No começo foi uma agonia
Mas hoje escrevo e brilho
A gente não possuia milho
Nem carroça e nem jegue
Uma vez eu tive um lebre
Bem branquinho feito algodão
Era o brinquedo da pobreza
Mas era a essencia da natureza
Que preenchia o coraçao
Tambem ganhei um caminhão
Desses vendidos na feira
Todo feito de madeira
Pintado com tinta de parede
Mas foi comprado bem novinho
Voou meu canário amarelinho
E eu lembrando aqui na rêde
Poeta VERÍ
Do pais de Caruaru-PE
27/04/21
Às 15h36