UMA TELA
U M A T E L A
APITOU O TREM E PARTIU
E O QUE DEIXOU PARA TRÁS
FOI SÓ IMENSO VAZIO ;
NA ESTAÇÃO OS ACENOS
JÁ SONHAVAM COM A VOLTA,
SAUDADE NÃO MERECEMOS,
MAS NÃO PRENDAMOS O CHORO,
SOLIDÃO PRENDE, MAS SOLTA.
JÁ NÃO HÁ MAIS O BARULHO
NEM VULTO SOBRE AS LINHAS,
NA ESTAÇÃO, QUASE NINGUÉM,
SÓ PEDAÇOS LÁ FICARAM,
COMPLEMENTOS FORAM NO TREM ;
TEMPO TEIMANDO EM PARAR,
SENTADO NA PLATAFORMA
ABRAÇANDO SEM SABER QUEM.
O SILÊNCIO DO CENÁRIO
COMPONHE TAMBÉM A TELA,
OS BANCOS CHEIOS DE NINGUÉM
NEM EXIGEM AQUARELA ;
SAUDADE NÃO TEM COR TAMBÉM,
NEM COBRA DO PINCEL TRAÇO,
MAS COBRA QUE TUDO PASSE
E FINDE COM UM ABRAÇO.