Maldita Saudade
I
detesto-te e peço que de mim te afastes
porque me incómodas, me fazes sofrer
o meu coração que em pedaços se parte
destarte aos poucos eu deixo de viver
ingrata e perversa, não serves pra nada
torturas minhas horas, me fazes infeliz
roubas minha alegria, és como uma praga
molestas minha vida, não morro por um triz
vais embora, já é tarde, me deixas viver
deixas que eu mereça a paixão que me invade
se for pra morrer que eu morra de prazer
poupa-me de ti e de tua maldade
rejeito essa dor me recuso a sofrer
te afastas de mim, ó maldita saudade!
II
uma parte de mim que partiu pra distante...
dor que me angustia e me faz incompleto
é um fogo que arde adentro cortes abertos
castigo que vem em presentes instantes
meus dias são frios e minhas noites insones
com a melancolia que me faz deserto
preciso de ti, sempre de mim, mais perto
pois o amor que temos nos serve de ponte
e a paixão é a fonte que nos faz libertos
por isso te busco assim tão incessante
para que o meu peito não soe dissonante
imploro a tua volta com sinceridade
e a quem me maltrata peço suplicante:
afastas-te de mim, ó maldita saudade!
III
afastas-te de mim, ó maldita saudade!
careço do amor que anda longe de mim
devolves ao meu ser minha outra metade
dissolves a ansiedade por todos confins
abrandas esse mar, cessa essa tempestade
porque os anjos dizem: Sempre seja assim!
Inteiro eu terei total felicidade
quero, de verdade, os sonhos multicores
uma chuva de amores sobre meu jardim
pra que minhas dores se vertam em flores
ter-te em minha vida é uma falsa verdade
quanto mais distante ficares de mim
não terei de ti um pingo de saudade
nem declarerei que tu és tão ruim...