CASINHA DO SERTÃO
CASINHA DO SERTÃO - João Nunes Ventura-04/2021
Na dor sentida e anunciando/Vou vender minha casinha
E de saudades de mainha/Os meus sonhos se acabando
As minhas irmãs se mudando/Triste solidão sem defesa,
Levo no canto a sua beleza/Eu vou morar muito distante
Meu choro cai no semblante/Amargura a minha tristeza.
Sem pai e mãe do meu coração/Com pena da casa vendi
Para o céu foi o meu irmão/E não quero mais morar aqui.
Minha mãe prenda e nobreza/Lenha queimando no fogão
Pendurado um saco com pão/O café quentinho na mesa
No terreiro o galo é realeza/A cisterna de água cristalina,
Pela cidade e era jovem ainda/Mãe amava as suas flores
A mocidade de tantos amores/E admirava a bela menina.
Em tarde armava minha rede/Mãe sua máquina bordando
Que sorria pra mim olhando/Tinha meu retrato na parede
Jogava bola matava a sede/Era meu mundo de felicidade,
Sino da igreja minha cidade/As cocadas minha mãe fazia
Bolacha doce o sabor do dia/Viola e forró minha saudade.
Vaca leiteira meu pai criava/Que doce de leite mãe mexia
Juntinhas farmácia e padaria/No São João eu namorava
No clarinete meu pai tocava/Eu escutava tão lindo canto
Espalhei um copioso pranto/Hoje nesse mundo de ilusão
Vendi minha casa do sertão/Pra não sofrer de desengano.