O POETA DA SAUDADE

O POETA DA SAUDADE - João Nunes Ventura-03/2021

Vim de longe cantar a minha alegria

Onde vida inicia ficou meu coração,

O sabiá desperta e livre na natureza

Canta a pureza das matas do sertão.

Na terra adorada o ventre da poesia

Num belo dia dediquei-lhe linda flor

Em meu violão faço minha serenata

Na noite de prata meu sinal de amor.

Não tenho riqueza não conheço ouro

Meu grande tesouro é beleza do luar,

Minha mãe bondosa e pouco dinheiro

Ano inteiro costurava pra eu estudar.

Meus versos de amores deixei na rua

Se for noite de lua e for eu que cantar,

A rima linda que vem do meu coração

Lembra a canção e infância a brincar.

E canto a euforia de um povo na roça

Que tem a palhoça e a água na fonte,

Mas também que choram lembranças

Das belas crianças cruzando o monte.

Eu canto o roceiro que cuida da terra

Que subindo serra enfrenta o desafio,

Na manhã fria da cheirosa primavera

Nadar quem pudera nas águas do rio.

A sertaneja bonita no chicote o estalo

Em seu cavalo veloz dispara contente,

Oh! Senhorita roceira seu lindo sorriso

É um doce paraíso aos olhos da gente.

E louvo a pastora que cuida da ovelha

De brinco na orelha e vestido de chita,

Que sorri e canta com a sua felicidade

E desfila na cidade numa noite bonita.

E eu canto o peão nas matas fechadas

Que amarra no mourão o touro valente,

Que recorda o aboio do bravo vaqueiro

Seu ídolo guerreiro na arena sorridente.

E assim vou contando a minha história

Na rua da glória dessa estranha cidade,

Satisfeito e orgulhoso na minha oração

Regressa ao sertão o poeta da saudade.

João Nunes Ventura
Enviado por João Nunes Ventura em 20/03/2021
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