SOMOS ANJOS FERIDOS
Somos anjos de asa caída
Podemos voar sempre
Mas às vezes perdemos o dom de voar
O amor foi-se embora, deixou-me sem asas
Já não podemos voar juntos, ficou muita dor
Na ferida da asa perdida do anjo
Fiz um pacto com a Lua
Engravido-me com as palavras
Onde formadas, redondas, uterinas
Saem os poemas para a minha salvação
Onde guardo de noite, o odor da terra molhada
Perdida como eu estava, sem saber o que iluminar
A lua apareceu na madrugada
Veio fazer-me companhia na minha jornada
O silêncio perdido de nós os dois
Amanhece na minha janela
Onde outrora sonhei com quimeras, sopros antigos
Motivos de nostalgia, entre becos sem saídas
Espantando a dor dessa ferida onde tu és a poesia
Somos anjos de asas caídas
Onde podemos voar, voar sempre.