O BEIJO NA VIDA QUE VOA

Se eu sei beijar?

Sei lá...

existe "saber" nesta matéria?

algum manual, alguma regra?

pois nossas bocas são

apenas portas sensíveis

que unidas sob intenso querer

deixam a gente

na mais estonteante

estupefação...

e adentrando por elas

não temos pressa de voltar,

e atados assim por tal

vontade, deslizamos em círculos.

E, num momento de intensa paixão,

desaparecem os contornos,

viramos então, em doce abraço,

uma unidade incandescente...

Mas dançar, dançar é outro verbo...

ah, dançar as voltas da vida,

os primeiros passos ainda incertos,

temerosos,

assustados até...

Mas aos poucos, a música me deixando

aturdida e entregue, sentindo o teu braço

a prender-me firme e terno.

Dançaria com você por noites sem fim,

meus pés mal tocando o chão...

E voar, ah voar... planar sobre os campos

sobre as cidades, sobre o tédio!

voar, sim, sinuosamente, espreguiçando

as asas e desenhando nos céus

as boas novas de esperanças revividas...

Um beijo que dança no canto da boca,

Uma dança que beija o chão com pés deslizantes,

um vôo que dança coreografias de sonho...

A vida que voa tão leve ao amanhecer dos dias,

o beijo que não mais terei ao acordar ...

os passos da dança da vida

agora incertos,

sob o silêncio de despedidas!

e o vôo do tempo em rotas circulares

escreve no ar palavras incompreensíveis.

E a minha boca resta calada,

enquanto a branca borboleta,

em pequenas asas trêmulas,

voa em sobe e desce buscando a flor.

Resta silencioso aquele jardim,

onde outrora havia promessas ...

Ficou no ar um perfume de festas

apenas vislumbradas através das janelas.

"Você me ensina a dançar?"

e um velho vestido de festa,

repousa sobre a cadeira da sala vazia

um branco vestido

que não me veste mais...

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 02/11/2007
Reeditado em 23/05/2011
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