Icaraíma

Eu nasci em Icaraíma, fui criado com mandioca,

Rapadura, milho verde e farinha de soca-soca.

E junto com a molecada só fazia estrepolias,

E montava nas novilhas arqueando as corcovas.

Do alto lá da ribanceira ia rodando um pneu,

Dentro dele ia eu, enquanto um outro gritava.

A roda ia quebrando todo capim e os toco.

Eu me esfolava um pouco, doía mas não chorava.

Todo sujo e esgualipado, ia pra casa mancando

E só no avental da mãe começava a choradeira...

Ela já me dava um pito: moleque'stou ocupada!

Não teria se quebrado, se estivesse na canseira.

Então ia lá pro quarto e a dor logo partia...

E pro outro dia armava outras mil estrepolias.

Na memória lembranças, no peito as alegrias,

De um tempo em que tristeza nenhuma existia.

O tempo, caprichoso, traçou pra mim outra sina...

Me levou pra longe, em busca de prosperidade.

Pra trás ficou a infância e lá a minha Icaraíma.

Traços da minha infância e a razão da saudade!

Se Deus permitir um dia, vou voltar a Icaraíma.

Pisar a terra arenosa onde a chuva faz enxurrada,

Visitar Porto Camargo, pra passear na Prainha,

E matar as saudades da minha terra adorada.

Kleber Versares
Enviado por Kleber Versares em 21/02/2021
Reeditado em 22/02/2021
Código do texto: T7189511
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