Icaraíma
Eu nasci em Icaraíma, fui criado com mandioca,
Rapadura, milho verde e farinha de soca-soca.
E junto com a molecada só fazia estrepolias,
E montava nas novilhas arqueando as corcovas.
Do alto lá da ribanceira ia rodando um pneu,
Dentro dele ia eu, enquanto um outro gritava.
A roda ia quebrando todo capim e os toco.
Eu me esfolava um pouco, doía mas não chorava.
Todo sujo e esgualipado, ia pra casa mancando
E só no avental da mãe começava a choradeira...
Ela já me dava um pito: moleque'stou ocupada!
Não teria se quebrado, se estivesse na canseira.
Então ia lá pro quarto e a dor logo partia...
E pro outro dia armava outras mil estrepolias.
Na memória lembranças, no peito as alegrias,
De um tempo em que tristeza nenhuma existia.
O tempo, caprichoso, traçou pra mim outra sina...
Me levou pra longe, em busca de prosperidade.
Pra trás ficou a infância e lá a minha Icaraíma.
Traços da minha infância e a razão da saudade!
Se Deus permitir um dia, vou voltar a Icaraíma.
Pisar a terra arenosa onde a chuva faz enxurrada,
Visitar Porto Camargo, pra passear na Prainha,
E matar as saudades da minha terra adorada.