CHEIRO
Cheiro
Eu sinto um cheiro mansinho
De mato verde cortado
Flores e espinho
Da janela do meu quarto
Que deve estar farto
De mim
Que já não suporta
A sua ausência
Vê se me conforta.
Cheiro
Eu sinto um cheiro de chuva
Que caiu anteontem
E repetiu-se ontem
Confirmando que a saúva
Também sabe do tempo.
Tempo
Esse todo que já passou
Crescendo a sua ausência
Cortando as minhas veias
Enchendo as bateias
De amor e ilusão.
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Salvador-BA, 17-11-1980.