A COR AMARELADA DA VIDA
sabe, aquele momento que a gente olha
pela janela e vê o quanto tudo passou rápido.
a casa sendo varrida com leveza,
o aroma fresco da manhã adentrando pela porta,
o jornal sendo folheado na sala enquanto
o café está sendo coado na cozinha perfumada
de nossa infância.
Mozart harmonizando na AM do rádio antigo do vovô.
a cor amarelada do tempo fazendo a gente ficar
com mais saudade do silêncio pleno ao nosso redor,
ou com a musicalidade das vozes de nossa família
conversando na varanda de casa sobre o futuro do mundo.
o cheiro da alfazema penetrando nos cômodos
e as caminhadas singelas das mulheres com seus filhos
na garupa das ancas olhando o azul tão azul do céu
o verde tão verde das plantações do cacau, milho...
havia uma liberdade pueril e simples
havia uma verdade infantil e sublime
as brincadeiras racionais, alegres, quase românticas.
sabe, o quanto a saudade é enaltecida a todo momento
quando a gente sente que o tempo passou
e os versos da vida vão ficando pela estrada
marcando como cicatrizes os afetos, os carinhos,
a ternura daquela gente simples, rústica, mas bondosa.