A COR AMARELADA DA VIDA

sabe, aquele momento que a gente olha

pela janela e vê o quanto tudo passou rápido.

a casa sendo varrida com leveza,

o aroma fresco da manhã adentrando pela porta,

o jornal sendo folheado na sala enquanto

o café está sendo coado na cozinha perfumada

de nossa infância.

Mozart harmonizando na AM do rádio antigo do vovô.

a cor amarelada do tempo fazendo a gente ficar

com mais saudade do silêncio pleno ao nosso redor,

ou com a musicalidade das vozes de nossa família

conversando na varanda de casa sobre o futuro do mundo.

o cheiro da alfazema penetrando nos cômodos

e as caminhadas singelas das mulheres com seus filhos

na garupa das ancas olhando o azul tão azul do céu

o verde tão verde das plantações do cacau, milho...

havia uma liberdade pueril e simples

havia uma verdade infantil e sublime

as brincadeiras racionais, alegres, quase românticas.

sabe, o quanto a saudade é enaltecida a todo momento

quando a gente sente que o tempo passou

e os versos da vida vão ficando pela estrada

marcando como cicatrizes os afetos, os carinhos,

a ternura daquela gente simples, rústica, mas bondosa.

Luciano Cordier Hirs
Enviado por Luciano Cordier Hirs em 30/01/2021
Código do texto: T7172137
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