TERNURA
(Sócrates Di Lima)
Na ternura dos teus encantos,
curvo o meu olhar atento,
E sinto na alma em seus cantos,
Um leve e doce contentamento.
Olho a ternura da tarde,
nas asas de um beija-flor,
que o meu quintal invade
na busca do seu licor.
E satisfeito voa em curvas,
por entre flores e folhas verdes,
talvez desviando das gotas de chuvas,
dos muros e suas paredes.
Um olhar de ternura vai além...
Perdido nos meus próprios horizontes,
Vai logo ali, buscar o meu bem,
De certo por detraz dos montes.
Olho a tarde serena...
que espera a noite chegar,
Ao entrar nela, entrerá em cena,
O Eu sózinho a lhe sonhar!
É o meu coração que palpita,
Nesta tarde de serena paz...
Silencioso nem agita, nem grita...
É como um toque de ti que aqui jaz.
Óh! Tarde de tanta espera...
Dos olhares de ternura e amor...
Das doce quimera,
emblemada numa tarde de calor.
Quem sabe você vem me abraçar,
com aqueles braços de sutis contentamentos,
Um abraço demorado daqueles de não deixar,
o corpo sentir a solidão dos ventos.
Sonho-te, na esperança viril...
Libidinoso desejo de amar...
Mas na ternura deste céu de anil,
Só me resta sozinho, tua ternura esperar!