Os dias

Os dias

A manhã traz o sol;

Vem com ele outro dia.

Da aurora ao arrebol

pesar ... melancolia...

A amada sempre longe.

Sozinho como monge

medito sobre a vida,

Traidora maldita!

I

Segunda-feira cruel,

Eu, absorto, vagando.

Amargo feito fel

As horas vão passando.

Sozinho na cidade.

Na mente uma verdade.

Certo que ela não vem.

Noite em claro. Amém!

II

Terça de um cinza-cego.

Acordo com saudade.

Te amo muito, não nego.

Paixão que é só maldade.

Por força, fraco, rezo.

Sensação de desprezo.

Mais um dia também

que ela, longe, não vem!

III

Quarta na minha terra.

Dor como companheira.

A tristeza que encerra

desde a hora primeira.

Inocente criança,

respiro esperança.

Olho e vejo ninguém

E ela ainda não vem!

IV

Quinta-feira surgindo.

Estrada insuportável.

Queria estar sorrindo.

Procuro um gesto afável

que por lá não existe

Sua ausência que insiste.

Um gesto do meu bem.

Novamente, não vem!

V

Sexta após uma cesta

Ver sua fotografia

é tudo o que me resta

Peço só alegria

Blasfemo uma atenção

Toco-lhe o coração

A saudade que urge

Eis, que hoje ela surge!

VI

Sábado, finalmente ...

Entro em cena; o artista

Eterno coadjuvante,

Hoje, o protagonista

Papel de namorado

de sábado, encantado.

Nisso me saio bem.

Nesse dia ela vem!

VII

No domingo, os morcegos

anunciam o martírio,

Que começa bem cedo

em um longo delírio.

Não tem tarde, só noite

Fere-me como açoite

Ter a convicção

De que eles voltarão!

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Celso Henrique Fermino
Enviado por Celso Henrique Fermino em 10/11/2020
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