Meus “nomes” engoliram o alfabeto

Meus dedos, rebeldes,

não escavam mais

essas digitais.

Meus dentes, indóceis,

querem mastigar

essas bactérias.

Meus tímpanos, sensíveis,

não suportam mais

esses ais.

Meu sangue, sujo,

não vaza mais

essas artérias.

Meus pés, desertos,

não cabem mais

em meus passos.

Minhas crenças, ineptas,

não se curvam mais

a esse quebranto.

Minhas lembranças, tantas,

não cabem mais

nos meus abraços.

Meus olhos, ermos,

estão vestindo

esse desencanto.

Majal San
Enviado por Majal San em 23/10/2020
Código do texto: T7093958
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