VALENTE GUERREIRO

VALENTE GUERREIRO - João Nunes Ventura-10/2020

Um guerreiro garboso

Andando pela estrada

Sua enxada ele largou,

O seu abraço amoroso

A linda filhinha amada

Que o pranto enxugou.

Essa inocente criança

Seus olhinhos de pena

Tão cheirosa igual flor,

E enrolando as tranças

A bonequinha pequena

Que tão triste ali ficou.

Vai acenando pra terra

Tão amada tão querida

E foi Deus que reservou,

Distante verde da serra

No seu olhar despedida

E ali mesmo ele chorou.

Se fosse pelo gosto seu

A sua terra não deixaria

Dos tão amados sertões,

Que pra si ele prometeu

Um dia pra casa voltaria

Rever seu amor e irmãos.

E que esse cruel destino

Que a esperança encurta

Ferindo o pobre inocente,

É pedra que seu caminho

Maltrata a dor que enluta

Alma limpa do penitente.

Se passando foram anos

Seu coração de saudade

Chorou valente guerreiro,

Nos seus traçados planos

Que a sua doce mocidade

O seu lindo amor primeiro

A bela jovem se aproxima

O seu olhar de esperança

Baixinho até murmurando,

Oh! pai sou aquela menina

Da linda boneca de trança

No mundo lhe procurando.

E cansado velho e doente

Saudade o amor o apreço

Dói demais o seu coração,

Tristeza o pobre demente

Chorando seu doce berço

Ajoelha-se tomba no chão.

E ele solitário sem defesa

Com suas marcas e dores

O seu peito frágil soluçou,

Suas lágrimas de tristeza

Mais forte que os amores

No último adeus suspirou.

João Nunes Ventura
Enviado por João Nunes Ventura em 09/10/2020
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