A JANELA DA SAUDADE
As vezes abro, mas somente em madrugada,
abro a janela, lá num cômodo da pousada,
e que a paisagem que vejo e sempre triste.
Só para ver a escuridão, as estrelas e a lua,
só para sentir de verdade, mais saudade sua,
pois aqui em casa nem sequer janela existe.
Nessa tormenta, da minha imensa loucura,
consigo ouvir a noite o barulho da ferradura,
de seu cavalo, que parece caminhar lá fora.
Certa vez chorando, pedi que viesse o vento,
para aliviar, para enganar meu pensamento,
numa silenciosa madrugada,inicio da aurora.
Sei que dessa janela, sou o único frequentador,
onde vivo tentando me esconder desse amor
na esperança de que algum dia vou conseguir.
Em sonho vou navegando só, numa caravela,
pois o meu pequeno mundo se resume na janela,
que não tenho a chave,só a saudade pode abrir.
Nessa janela imaginária, desse quarto ao lado,
não tem futuro nem presente, só mora o passado,
onde minha imaginação consegue ver muito além.
E os barulhos que tenho durante a noite ouvido,
interpreto como um poema,que nunca foi lido,
delírios, aqui em casa não mora mais ninguém.