A JANELA DA SAUDADE

As vezes abro, mas somente em madrugada,

abro a janela, lá num cômodo da pousada,

e que a paisagem que vejo e sempre triste.

Só para ver a escuridão, as estrelas e a lua,

só para sentir de verdade, mais saudade sua,

pois aqui em casa nem sequer janela existe.

Nessa tormenta, da minha imensa loucura,

consigo ouvir a noite o barulho da ferradura,

de seu cavalo, que parece caminhar lá fora.

Certa vez chorando, pedi que viesse o vento,

para aliviar, para enganar meu pensamento,

numa silenciosa madrugada,inicio da aurora.

Sei que dessa janela, sou o único frequentador,

onde vivo tentando me esconder desse amor

na esperança de que algum dia vou conseguir.

Em sonho vou navegando só, numa caravela,

pois o meu pequeno mundo se resume na janela,

que não tenho a chave,só a saudade pode abrir.

Nessa janela imaginária, desse quarto ao lado,

não tem futuro nem presente, só mora o passado,

onde minha imaginação consegue ver muito além.

E os barulhos que tenho durante a noite ouvido,

interpreto como um poema,que nunca foi lido,

delírios, aqui em casa não mora mais ninguém.

GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 27/09/2020
Código do texto: T7073751
Classificação de conteúdo: seguro