Centelha
Eram perfeitas centelhas nas águas pardas do rio
Que via descer na correnteza para nunca mais
Pareciam mais vitórias-régias que boiavam
As pequenas rodas de espuma da agitação.
Sábados que flutuavam feito bolhas de sabão
Voavam para o infinito aos gritos da criança
Que correndo atrás delas, mais leves que o ar
Gritava que ficassem como as querendo segurar.
Se ninguém olhava a tarde do lado de fora
Quem foi que trouxe o rio para perto da criança?
Quem poderia antecipar o seu fascínio?
Ou não é se desejar o que está feito, saudade?