Brinde

Uma taça de vinho

Mas não vou fazer um brinde

Quero apenas o prazer do seu paladar

Do adocicado de cada gole

Enquanto o álcool me faz planar.

É isso mesmo que eu sinto

O passar dos dias se transforma em labirinto

E nem sempre eu encontro a saída

Repito os mesmos percursos

Os mesmos cantos, a mesma vida.

E nessa rotina sem ponto e vírgula

Acordo, levanto, saio e chego

Já não me importo de acordar tão cedo

Os olhos não pesam durante o expediente

Enquanto busco uma forma de viver a gente.

E já em casa, eu e o vinho

À meia-taça, pensei na meia-luz

Sozinha no sofá já que sua presença é só uma utopia

Sinto seu gosto depois da taça vazia

Me vem seu cheiro que fácil me seduz

E basta uma taça

Pra que minha mente me faça

Viajar enquanto a vista embaça

E o corpo relaxa

Se esticando no sofá.

E assim eu te tenho

Numa pausa me contenho

Já planei, preparo o pouso

Aterrissei mas não ouso

Levantar vôo novamente

Porque sei que minha mente

É pista de pouso dos meus desejos

E inebriada já não tenho anseios

Já que pousou aqui a passeio

Fica pro brinde: "ao nosso eternamente".

(Brindei).